Neste quadro Matisse usa a mesma decoração por todos os cantos do quadro e elimina o efeito de profundeza. Dentro da sala, podemos ver vários temas decorativos que parecem serem de um papel de parede. Os temas se repetem na toalha de mesa como se a mesa fosse uma continuação da parede. O efeito homogênio também é produzido pela quase ausência de contorno da mesa. Sabemos que é uma mesa apenas porque nela há objetos e frutas que não estão voando. Todos os cantos dessa sala têm o mesmo movimento de curvas e rodas e até a cabeça da personagem e suas costas fazem com ela faça parte da decoração. De uma forma geral, algo nos faz levar tudo para cima, como se os desenhos subissem, querendo dominar a parede e fossem continuar depois do quadro.No entanto, no canto da esquerda, há uma mudança grotesca de ambiente. Vemos um jardim coberto por um céu azul. Os elementos de fora parecem serem diferentes, vemos por exemplo que o céu está estático sendo que dentro da casa os movimentos não acabam nos quatro cantos do quadro. Mas o exterior lembra o interior pelas curvas das árvores que são como as curvas de dentro, pelo rosa da casa dos fundos que lembra a cor do rosa de dentro da sala, pelas frutas do chão do jardim que lembram as frutas em cima da mesa da sala.A separação entre os dois espaços parece ser de uma janela, mas a ausência de delimitação deixa pensar que não é bem uma janela, mas talvez seja um quadro para decorar uma sala que ja é em si uma decoração. Poderiamos até compara-lo com um outro quadro de Matisse, " A Conversa", pintado um ano depois da "Desserte, harmonie rouge", onde ele confunde também, pelas cores e pelas formas, o dentro e o fora.
Enfim, o quadro "La Desserte, Harmonie Rouge" parece ser um pedaço cortado de papel de parede ou de uma toalha de mesa... apenas um pedaço.
O artista Matisse é associado ao fovismo, faz pintura moderna mas ao mesmo tempo conserva um espírito clássico, sereno e bastante raro para o século de guerras em que viveu. Suas obras são, como as de Picasso, umas das mais influentes do século 20. Matisse fez faculdade de direito em Paris onde encontrou Gustave Moreau. Matisse ia com frequência no ateliê de Gustavo e copiava suas obras até fazer suas obras pessoais.
Ele deu a essa obra o titulo de "Harmonia Vermelha", mesmo se no começo ele tinha pintado tudo o que esta em vermelho, de azul. Numa carta para Serge Chtchoukine ele disse: "O vermelho era mais decorativo".
No primeiro plano, duas mulheres peitos nus. Uma delas olha para o público, a outra não mostra seus olhos. Parecem lastimadas. A da esquerda tem uma posição de santa com suas mãos. A outra, por seu olhar completa a cena dando um ar de pureza. Atrás delas, varios personagens nus estão em grupo, quase não podemos distuingui-los. No entanto, à esquerda, um menino sobresai pelo seu tamanho comparado com o dos outros e pela sua pose.
Neste quadro a posição da mão mostra a audácia dessas mulheres que encaram o público. A da direita parece até oferecer o que tem na mão, sendo que as meninas de Delvaux têm as mãos enroscadas e mais tímidas.
O personagem da esquerda parece uma estátua grega. Mas tem também um ar de estatua da Renascença, como o David de Michelangelo.
